O Anuário do Futebol Passo-Fundense chega no início de 2013 com a ideia de ser um projeto em longo prazo. Esta publicação é a materialização de um antigo sonho e surge claramente influenciada pelos almanaques esportivos editados por Thomas Mazzoni, em São Paulo, e Amaro Júnior, no Rio Grande do Sul, entre as décadas de 1920 e 1950. Dois jornalistas que merecem ser apresentados. O italiano Thomaz Mazzoni é considerado o principal jornalista da história de A Gazeta Esportiva, de São Paulo. Mazzoni imigrou para o Brasil com os pais quando criança. Chegou a jogar futebol na várzea em São Paulo, mas quebrou a perna em 1918 e foi obrigado a abandonar os campos, dando início a sua carreira no jornalismo. Em 1928, já na redação de A Gazeta Esportiva, publicou a primeira edição do seu Almanaque Esportivo, que reunia registros detalhados dos principais acontecimentos esportivos daquele ano. No jornalismo esportivo, Mazzoni começou uma “renovação da linguagem do futebol”, criando termos que ainda hoje são utilizados, como os apelidos dos principais clássicos paulistas (como “Choque Rei”, entre Palmeiras e São Paulo ou “Derby Paulista”, entre Corinthians e Palmeiras) e de clubes (como “mosqueteiro” para o Corinthians e “tricolor” para o São Paulo). Em seus textos, criou um “diálogo com o leitor” e passou a chamar os jogadores pelo modo como eram conhecidos, fosse por nomes, apelidos ou diminutivos. Além dos almanaques, publicados até 1951, escreveu dezenas de livros sobre esporte. Considerado especialista em todos eles, ganhou dos colegas de redação e amigos o apelido de Olimpicus. Para “testar” seus conhecimentos, participou de “O Céu é o Limite” da TV Tupi, um programa de perguntas e respostas. Ganhou todos os prêmios. Escreveu para a Gazeta até sua morte, em 1970. Foi nos almanaques de Thomaz Mazzoni que o jornalista Amaro Júnior se inspirou. José Ferreira Amaro Júnior foi um dos primeiros jornalistas esportivos do Rio Grande do Sul. Sempre envolvido com os esportes, organizou o primeiro time de basquete no estado, em 1924 na ACM, a Associação Cristã de Moços de Porto Alegre. Amaro Júnior ajudou a fundar em 1936, como jornalista, a Folha da Tarde, da Empresa Jornalística Caldas Júnior. Em 1945 foi um dos fundadores da Acepa, a Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre, hoje Aceg, Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos. Amaro Júnior ainda tem como credenciais o título de “Jornalista Símbolo do Esporte Amador do Rio Grande do Sul”, recebido em 1980. Conhecia todos os níveis do esporte, do olímpico ao amador; fazia regulamentos e elaborava provas esportivas; e tinha um programa na Rádio Difusora onde dava aulas de ginástica. Seu Almanaque Esportivo foi publicado entre 1942 e 1958. Amaro Júnior morreu em 1982.